27 de julho de 2008

Almograve






O mar..... sempre o mar!






Almograve é um dos nossos cantinhos, onde o alentejo se encontra com o mar e ambos convidam o sol e o calor em cada verão, para celebrarmos todos juntos, a alegria e as férias!










A quietude da paisagem alentejana!

24 de julho de 2008

Ser fiel a um amigo



"Primeiro, foi necessário civilizar o homem em relação ao próprio homem. Agora, é necessário civilizar o homem em relação à natureza e aos animais". (Victor Hugo)

23 de julho de 2008

O mundo dos contrastes...(II)

Habitação é o lugar onde o ser humano vive, serve de abrigo da chuva, vento, frio e calor e de refugio contra ataques de outros seres humanos e animais.*
A casa onde vivemos!

A casa que vive em nós!

Lar é o local próprio do indivíduo, onde ele tem a sua privacidade e onde a parte mais significativa da sua vida pessoal se desenrola.*

* http://pt.wikipedia.org/wiki/Habitação

Um abraço


Que bom que é um abraço!
Um abraço chegado,
sonhado, apertado
um abraço sentido!
Um abraço amoroso
forte e saudoso
um abraço amigo!
Um abraço imenso
caloroso e intenso
um abraço querido!
Um abraço escrito
pintado, descrito
um abraço vivido!
O abraço que embala
que afaga e consola
outro abraço perdido!
O abraço que aquece
que pede e oferece
outro abraço esquecido!

22 de julho de 2008

O Valor das estrelas

Quando vem ao hospital, Isabel vem sempre ter comigo. Tem 40 anos, é uma mulher forte e decidida que espanta com o sorriso o receio que permanentemente a atormenta.
Mastectomizada há seis anos, conhece bem o percurso daqueles que implacavelmente, um dia, recebem a notícia de que a sua vida pode estar a chegar ao fim.
Passou por tudo, desde as consultas aos exames, passando pela cirurgia e pela quimioterapia. Conhece muitos médicos e enfermeiros de vários hospitais. Sente-se eternamente grata e costuma dizer que está constantemente em luta pela vida, uma vida à qual não dava anteriormente grande valor.
- Sabe Sra. Enfermeira, andava sempre a lamentar-me; que não tinha tempo para nada; que não conseguia ganhar o suficiente para comprar uma casa; que me faltava isto e aquilo; que a vida era uma canseira… enfim estava sempre descontente! – desabafou ela comigo, um dia.
A história da doença da Isabel é comum a muitas mulheres. Um dia sentiu um nódulo na mama, mas por desconhecimento ou por medo, adiou a ida ao médico, não evitando, no entanto, que passados quatro meses o veredicto fosse o tão temido cancro.
Foi operada rapidamente e começou, quase de imediato, os ciclos de quimioterapia que manteve durante dois anos. Disse-me uma vez, sentir ainda hoje náuseas e vómitos, quando vai à consulta de rotina no IPO.
- Há três anos que estou bem, mas vivo constantemente com este medo, como se fosse uma nuvem sempre em cima de mim.
O marido e a filha, têm sido simultaneamente o seu apoio e a sua motivação. Recuperou a sua imagem corporal há um ano atrás, quando lhe foi colocado um implante mamário, mas é na forma de viver que diz sentir-se muito diferente.
- Passei a viver um dia de cada vez. Ainda não comprei a minha casa, continuo a trabalhar e já não me lamento por isso. Dedico muito tempo à minha família e acho que agora gosto mais de mim. Sabe Sra. Enfermeira, nas noites em que o céu está limpo, gosto de me sentar na varanda a observar o céu. Nunca tinha dado tanto valor às estrelas!!

21 de julho de 2008

O mundo dos contrastes... (I)

Que pensas que és? Homem civilizado?
Abre a janela e contempla a tua natureza!
O mundo não acaba na tua porta!

18 de julho de 2008

Bom senso




"O homem poderoso que junta a eloquência à audácia
torna-se num cidadão perigoso quando lhe falta bom
senso."
(Eurípedes)

17 de julho de 2008

Coisas boas



O dia começava cedo, bem cedo. Ainda o sol se espreguiçava da dormência da noite, já Adélia revolvia a vida por dentro e por fora num frenesim de força e vontade que contagiava tudo e todos.
Era um tempo difícil. Trabalhava longe, em casa das Senhoras ricas, às vezes levava também a filha pela mão e percorria ruas e vielas como quem passa de um mundo para o outro. Para trás já tinha ficado a janta pronta, as camas feitas, a roupa estendida e outra de molho em sabonária para ser lavada à noitinha.
Naquele passo certo e corrido, Maria, a menina, era levada quase a reboque.
- Porque não vamos de camioneta mãe? - Perguntava ela, sentindo ao fim de poucos metros o cansaço nas pernas franzinas.
Adélia ás vezes sentia-se angustiada por sujeitar a filha àquele esforço, mas o que podia fazer? Não conseguia esconder-lhe a realidade, embora sonhasse com um futuro melhor e além do mais, era preciso ensinar Maria a enfrentar qualquer adversidade sem grandes lamúrias e lamentações.
– Para irmos de camioneta gastamos quatro escudos por dia e é preciso poupar filha! Vais ver que chegamos num instante e depois vais ter todo o dia para descansar.
Os quatro anos de Maria, faziam com que não pensasse noutra verdade para além daquela que a mãe lhe dizia, agarrava-se a ela com a mesma força com que segurava a sua mão e juntas atravessavam a vida.
De todas, a mais bonita era a casa da D. Mimi. Ficava num 8º andar de um edifício tão alto que quase arranhava o céu. Tudo brilhava naquele luxuoso apartamento; os móveis de madeira exótica, o chão encerado e lustroso com carpetes bonitas, cortinados e reposteiros de tecidos nobres e cores sóbrias, pratas e porcelanas dispostas numa decoração requintada. Na cozinha, espaçosa e arejada, os tachos e panelas luziam pendurados e pairava no ar um aroma doce que se misturava depois com o cheirinho do café que Adélia fazia para os Senhores, mal chegava. Quando as meninas se levantavam, a mesa da sala já estava magestosamente pronta para o pequeno almoço. A Senhora já tinha dado as ordens para a refeição seguinte que deveria ser servida à uma hora em ponto, isto depois de Adélia se desfazer em agradecimentos e desculpas por ter tido a permissão, mais uma vez, de levar a filha consigo, assegurando que ela não perturbaria nem os seus afazeres e muito menos a vivência dos donos da casa.
Maria interiorizava com atenção todas as conversas, jeitos e gestos, sentada a um canto da cozinha, num banco de madeira pintada. Nervosamente, ou porque a imponente figura da D. Mimi a intimidasse, ou porque assumia a postura formal e servil da mãe, ela esticava a saia de xadrez pregueada para que lhe cobrisse os joelhos, tal qual lhe recomendava sempre o pai.
Depois era o reboliço. Era a dona da casa que tocava na sala o sininho, dando sinal para que Adélia comparecesse sem demoras. Era o Senhor General, que Maria apenas conhecia pelo som austero da voz, que dizia: “ Tenha modos Nônô!” ou “ Fifi, a menina ainda não lavou os dentes?”. Era a menina Nônô, a mais pequenina, que vinha à cozinha pedir à Adélia que lavasse o vestido da boneca ou lhe fizesse o totó e olhava curiosa para Maria, dizendo-lhe simplesmente “ Olá”.
Ao fim de algum tempo, a calma e o silêncio iam regressando ao ritmo da porta da casa que se abria e fechava até todos terem saído.
Ficavam depois só as duas, mãe e filha, naquele que era para Maria um palácio e para Adélia uma casa de muito trabalho. Depois de saborearem um delicioso café, feito com as borras já coadas do café anterior, Adélia começava a labuta; limpava, arrumava, lavava, esfregava, polia, estendia, passava e cozinhava com a mestria do saber fazer que dez dos seus vinte anos de vida, lhe haviam ensinado enquanto servia em casa de Senhores.
Maria, sempre de volta da mãe, aprendia com ela os gestos mágicos que transformam as casas em portos seguros, asseados e confortáveis.
Só havia um sítio onde ela se perdia como criança; o quarto das meninas. Tudo era tão lindo! A colcha rosa fofinha que cobria a cama pintada de côr branco-pérola . O abajur do candeeiro que era afinal o guarda-sol da boneca que agarrada a ele pendia do tecto. A caixinha de musica com a bailarina em pontas que ela fazia rodar dando-lhe corda, atrevidamente, assim que a mãe se distraía. E as bonecas, tantas bonecas. Grandes e pequenas, como ela nunca vira senão ali. Adélia deixava-a sempre mexer nelas, tocar-lhe nos cabelos, ajeitar-lhes os vestidos. Sabia que existia uma infância roubada no olhar da filha e que aquele era um dos poucos momentos que permitia o seu reencontro. Apesar de saber que Maria tinha todo o cuidado do mundo, repetia sempre o mesmo aviso, com a firmeza das coisas inquestionáveis:
- Volta depois a pôr a boneca no sítio e não estragues nada!
Voltavam depois à cozinha e era hora de preparar o almoço. Pouco depois regressavam todos e também o reboliço e o som do sininho, com a Adélia a colocar o avental branco bordado para se apresentar prontamente à chamada. Ah! E no banquinho de madeira, lá ficava novamente a Maria sentada, à espera que se fizesse novamente silêncio.
Almoçavam na cozinha o delicioso repasto das sobras da refeição dos Senhores que eram devolvidas nas travessas, ás quais se juntava por vezes um pouco mais, que de tanta fartura, havia ficado no tacho.
À hora da sesta, Adélia estendia uma saca de serapilheira limpinha no chão da marquise. Maria adormecia ainda a sentir o beijo e a carícia da mãe, a ouvir o tilintar dos pratos e copos que ela lavava e a pensar na manhã, cheia de coisas boas que tinha vivido.


Foto: Mãe e filha - 2007 - Aquarela sobre papel reciclado.

16 de julho de 2008

Composição genial !



Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com aspecto plural e alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. O artigo, era bem definido, feminino, singular. Ela era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal. Era ingénua, silábica, um pouco átona, um pouco ao contrário dele, que era um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanático por leituras e filmes ortográficos.
O substantivo até gostou daquela situação; os dois, sozinhos, naquele lugar sem ninguém a ver nem ouvir. E sem perder a oportunidade, começou a insinuar-se, a perguntar, conversar. O artigo feminino deixou as reticências de lado e permitiu-lhe esse pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro.
Óptimo, pensou o substantivo; mais um bom motivo para provocar alguns sinónimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeçou a movimentar-se. Só que em vez de descer, sobe e pára exactamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela no seu aposento.Ligou o fonema e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, suave e relaxante. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram a conversar, sentados num vocativo, quando ele recomeçou a insinuar-se. Ela foi deixando, ele foi usando o seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo.
Todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo directo.
Começaram a aproximar-se, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo o seu ditongo crescente. Abraçaram-se, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples, passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula.
Ele não perdeu o ritmo e sugeriu-lhe que ela lhe soletrasse no seu apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas palavras, pois estava totalmente oxítona às vontades dele e foram para o comum de dois géneros.
Ela, totalmente voz passiva. Ele, completamente voz activa. Entre beijos, carícias, parónimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais.
Ficaram uns minutos nessa próclise e ele, com todo o seu predicativo do objecto, tomava a iniciativa. Estavam assim, na posição de primeira e segunda pessoas do singular.
Ela era um perfeito agente da passiva; ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisto a porta abriu-se repentinamente.
Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo e entrou logo a dar conjunções e adjectivos aos dois, os quais se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas.
Mas, ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tónica, ou melhor, subtónica, o verbo auxiliar logo diminuiu os seus advérbios e declarou a sua vontade de se tornar particípio na história. Os dois olharam-se; e viram que isso era preferível, a uma metáfora por todo o edifício.
Que loucura, meu Deus!
Aquilo não era nem comparativo. Era um superlativo absoluto. Foi-se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado aos seus objectos. Foi-se chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo e propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que, as condições eram estas:
Enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria no gerúndio do substantivo e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.O substantivo, vendo que poderia transformar-se num artigo indefinido depois dessa situação e pensando no seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história. Agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, atirou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.

Fernanda Braga da Cruz
Aluna de Letras, que obteve a vitória num concurso interno promovido pelo professor da cadeira de Gramática Portuguesa.

15 de julho de 2008

Preâmbulo

Creio no silêncio....
Na suavidade dos gestos,
Na ternura das palavras não ditas,
Creio na côr dos sentidos
Que pintam os voos de borboletas feridas.
Creio na simplicidade..
Daquilo que dou, daquilo que tenho.
E surpreendida me espanto com tudo o que sou,
Com tudo o que És... com tudo o que é belo.
E em silêncio Te alcanço,
E é em silêncio que espero!