19 de outubro de 2012

Cara a cara com a maldade





Colocas-te acima do céu e, por isso, estás tão longe do mundo que não tens nenhum rosto onde te vejas, onde percebas o quanto estás só e te perdeste de dignidade e esperança.
Vem, não fujas nem te escondas atrás do sol, as nuvens são muitas e há um momento em que tudo escurece porque o brilho é efémero. Crava as tuas mãos aqui, na terra, e verás que também é dor e sangue o que trazes nos dedos. É aqui que tudo faz sentido, se te olhares frente a frente com outra gente e te deres conta que tens um coração inacabado, e o tempo é um espaço demasiado escasso para o preencheres de maldade.


7 comentários:

Lídia Borges disse...


Ter um coração inacabado é próprio do ser -[se] humano. Ignorar esta realidade é próprio de quem não tem mais caminho para andar. Há fontes que secam, por terem esquecido a música da água.

Beijo meu

Filoxera disse...

Há quem tenha perdido tudo a esperança e continue a ver-se, e à realidade, com olhos coloridos de dignidade.
E há quem se coloque acima de tudo, perca a dignidade e nem aos seus próprios olhos se mostre...
Um abraço, amiga.

Unknown disse...

Maria João, boa noite!
Não há quem esteja acima do céu mas, infelizmente há muito quem julgue estar, é a imperfeição do Homem a sobrepor todos os valores.

Beijinho,
Ana Martins

Branca disse...

A maldade é em si infelicidade, nunca faz mal a ninguém a não ser às almas onde reside.
E será que há "maldade", ou é apenas uma palavra inventada para vivos-mortos?

Tenho pena, apenas, que o pouco tempo que temos de vida não seja aproveitado por todos de forma grandiosa.

Beijos Maria João.

AC disse...

Um recado para uma espécie de zombies que pairam por aí, a gritar constantemente a sua bondade. E que, para continuarem a manipular o espelho, tudo espezinham.
Sempre bem, Maria João!

Beijo :)

Maria João Mendes disse...

Talvez, se olhassem no espelho o rosto, vazia da alma...

mas a maldade "não se conhece "


gostei muito, da tua reflexão poética.

Beijo

Virgínia do Carmo disse...

Querida João, pegaste na maldade e ofereceste-lhe um poema redentor. Pena que os maldosos não saibam ler-te. Haviam de aceitá-lo e bebê-lo. E assim ficariam curados.

Sempre tão maior a tua poesia. Obrigada.

Beijos