14 de outubro de 2012

Lugares quietos




Tão lentos são os gestos
tomados de Outono.

O corpo adormece devagar
rendido ao peso espesso das nuvens
sobre as pálpebras quase fechadas.

Nos ramos das árvores
a nudez tem um segredo
onde te espelhas
onde nada acrescentas
porque tudo se escreve
no ciclo do tempo.

Pegas em duas gotas de chuva
e nelas pousas a alma
e a sombra da tua natureza.

Morres ou adormeces
pouco te importa.

Há um caminho certo
por onde vais devagar
até ao âmago da terra

O lugar quieto
onde nascem as montanhas.




Imagem:  Robert and Shana ParkeHarrison- Gray Dawn (2006)  


12 comentários:

Virgínia do Carmo disse...

São mais altas as montanhas que te nascem dos dedos, tão perto do alto eles te levam.

Obrigada pela beleza de tudo o que escreves.

Um imenso beijo de ternura e saudade, querida João

Lídia Borges disse...


POde morrer-se nesta paz deserta ou voar livre sobre a música dos versos.
Pode ainda viver-se Poesia.

Beijo meu

Rogério G.V. Pereira disse...

Nenhum poema me passa ao lado
Mesmo que não me sinta atingido

Me inquieta
o que escreves, poeta

Cris Tarcia disse...

Lindo poema, passei para deixar um abraço

antonio Gallobar disse...

Olá amiga

Palavras enigmáticas que nos marcam, beleza pura.

Parabens é sempre um prazer enorme ler o que escreves.

Beijinhos

Bergilde disse...

Para mim é a mais encantadora estação.Lindo poema,abraços!

Mar Arável disse...

No Outono

voam as folhas do chão

Belíssimo
Bjs

Lúcia Bezerra de Paiva disse...

Chego a PEQUENOS DETALHES e leio formidável poema, nos mostrando o outono, depois de encantar com o "ponto a ponto se escreve um conto"...Hei de voltar, Maria João.
Um abraço!

Andy disse...

Maria João,
como adorei este teu poema!

beijo, querida amiga!

AC disse...

Prefiro a outra face das montanhas, donde brotam nascentes de inquietude.
(As palavras, Maria João, escorrem por entre os seus dedos com uma cumplicidade impressionante)

Beijo :)

Maria João Mendes disse...

De uma beleza intensa,
Sempre chegam os dias sombrios
Somos tomados como as folhas no Outono,
Certa a estrada…
(mas quem sabe nesse lugar, renascemos numa semente de Sonhos?)

Bela tua poesia, tocou-me.

Beijo

Rosario Ferreira Alves disse...

Bom ser como uma gota de chuva e servir de chão à tua poesia. e amizade.


saudades, querida amiga. e muita, muita admiração

beijo