15 de janeiro de 2014

Roda de fiar




Gira a roda no mesmo sentido
que o linho se ajusta
e vestindo o sonho
torna-o coisa palpável
à distância do teu desejo.
Aprende a esperar que o novelo cresça
sem que a firmeza se perca
do propósito dos teus dedos.
É nas linhas da tua mão que a vida se tece
no tempo que é, neste agora que urge.
O futuro é um movimento circular
e tu um fuso que roda
até que o fio construa, na roca, a meada
que há-de ser da tessitura
o teu melhor retalho
no ciclo constante do mundo.





4 comentários:

Lídia Borges disse...


Já tive oportunidade de te dizer que este é um belo poema. Tem a textura da seda que só a sabedoria de uma "tecedeira" experiente pode garantir.

Um beijo

Rogério G.V. Pereira disse...

O meu melhor retalho?
Assim o espero
e os poetas
me dão versos
que me alimentam a esperança
a força
o querer

(se não sabias, ficaste a saber...)

:))

Mar Arável disse...

Excelente a tua roda
de fiar

Perdi-me na leitura
mas vou reler

Bj

Manuel Veiga disse...

cerzido no mais puro linho...

muito belo

gostei deveras!

beijo